21 de setembro de 2009

Waking Life (2001)

O filme Waking Life foi uma das animações que mais me impressionaram até hoje.
Feito no ano de 2001, com direção de Richard Linklater, foi filmado inicialmente com atores reais e também alunos e professores de filosofia de uma Universidade Americana. Depois, por meio de uma técnica de computação Gráfica, o Rotoscópio, desenharam sobre a película. Essa técnica, embora considerada tosca por alguns, demorou 250 horas de trabalho para cada minuto final de filme, feito por Bob Sabiston e uma equipe de nada menos do que 30 animadores.
Tanto esmero na produção e música de primeira: a Tosca String Quartet interpretando a música de Glover Gill, renderam três indicações ao Independent Spirit Awards, os prêmios Cinema do Futuro e Lanterna Mágica, no Festival de Veneza e recebeu uma indicação ao Prêmio Adoro Cinema 2002, na categoria de Melhor Filme de Animação.
O filme, de narrativa não linear, talvez não seja para todo mundo que gosta de animação. Ele, essencialmente, trata de filosofia, baseado em idéias de Platão, Aristóteles, Nietzsche e Jean Paul Sartre. Discute o papel do existencialismo nos dias atuais e como não poderia deixar de ser, qual é o sentido da vida e da morte. Não é o que está acontecendo que importa, mas como. Não é o destino, mas a viagem. O filme é uma viagem sensorial, como diria um dos personagens “O barco não precisa de explicações, só de passageiros”.
Um detalhe interessante é que o estilo de animação se altera, dependendo do que é discutido, do monólogo ou da etapa de desenvolvimento do personagem central. O maravilhoso neste caso, é que a animação permite, como em nenhuma outra técnica de filmagem, a expressão de sentimentos abstratos. Como o balançar do cenário, o homem raivoso ficar vermelho literalmente, a explicação do que é física quântica aplicada à filosofia. A música enriquece a sensação de sonho e nos transporta ao sonho lúcido do personagem e ao inconsciente coletivo.
É um filme difícil, talvez intelectual demais para alguns e melhor aproveitado para aqueles que possuem um inglês fluente. Não dá para prestar a atenção nas animações e sensações que elas produzem e ficar lendo as legendas. Os temas tratados são complexos demais para serem compreendidos ou absorvidos de forma tão rápida. Mas acho que para os interessados em animação ou em filosofia, vale à pena assistir mais de uma vez. E a cada uma delas se fixar no diálogo ou na animação. Eu fiz isso e não me arrependi. Acho que esse filme é provocativo, sensorial, pleno de emoções e reflexões.
Enfim, cada um sabe o que busca quando procura assistir a um filme. Uns querem apenas diversão, o que é totalmente válido. Outros procuram além da diversão encontrar respostas para suas dúvidas existenciais, aprender alguma coisa, experimentar o diferente. É para esse segundo público que esse filme foi feito.
Se você se encaixa nesse perfil e ainda não viu, corra e assista. Com calma, sem pressa de compreender a história, já que basicamente o filme é feito de diálogos e reflexões e não uma história propriamente dita. E talvez você também irá se perguntar:
“Onde é isso? Não sei, mas é algum lugar.
E determinará o desenrolar do resto de sua vida.”
O filme emociona, a música sensibiliza. Prepare-se para mudar ou reafirmar o seu jeito de pensar, pois é isso que Waking Life faz com quem se atreve a vê-lo com desejo de encontrar algo mais do que uma simples animação.