22 de março de 2015

Estudando Animação em Vancouver (Parte 1/3)


Desde a criação do Animação S.A. sempre recebemos perguntas de pessoas interessadas em estudar fora do país. Curiosidades, dúvidas, medos... Por este ótimo motivo resolvi criar este artigo, onde irei contar um pouco da minha experiência, dar algumas dicas e tentar ser um incentivo para aqueles que tem medo de se aventurar longe de casa.

Eu, assim como a maioria dos estudantes, sempre tive vontade de estudar animação fora do Brasil,  e foi em 2012 que consegui realizar este sonho.

"Pré-produção", a parte mais difícil.

Vou estudar fora! E agora?

Meu primeiro passo foi procurar um curso, que valesse a pena e que não fosse caro. Fazer um curso longo, com seis meses ou mais, estava fora do orçamento. Então comecei a pesquisar cursos de verão pelos quatro cantos do mundo. Vancouver (Canadá) foi a cidade que escolhi para fazer o Curso de Verão na escola VanArts (Vancouver Institute of Media Arts), a sexta melhor escola de animação do mundo segundo o Animation Career Review.

Achei alguns bons cursos na Europa, mas o valor do euro deixou tudo ainda mais distante; já nos Estados Unidos encontrei alguns outros cursos, mas não havia nenhum curso que realmente me interessasse. Eu já tinha conhecimento de alguns outros cursos, como o da Vancouver Film School (VFS), mas eles não possuíam um curso de verão, apenas cursos de longa duração que eram muito caros para mim. Procurando por outras escolas em Vancouver acabei encontrando a VanArts, escola muito bem recomendada e que possuía um curso perfeito para mim! \o/

Character Animation Summer Intensive, como o próprio nome diz, se trata de um curso intensivo de animação de personagem que acontece apenas durante o verão canadense. As aulas ocorrem apenas no mês de julho, e o valor, na época, foi de CAD$ 1.999,00 (CAD$ = dólares canadenses).
Com o curso devidamente escolhido, começou a parte mais burocrática e chata: conseguir os vistos.

Antes de tirar os vistos, eu precisava requerer meu passaporte. Na época não tive muitas dificuldades em agendar uma hora com a Policia Federal, eu apenas tive que esperar alguns meses para conseguir uma data. Paguei o GRU (Guia de Recolhimento da União), uma taxa que custou R$ 156,00 na época. Compareci na data e depois tive que esperar várias semanas para o documento ficar pronto. Ou seja, planeje tudo com muita antecedência!

Com o passaporte em mãos tive que tirar os vistos. Inicialmente pensei que só precisaria tirar o visto para o Canadá, mas como meu voo passaria também pelos Estados Unidos, tive que tirar um visto para a terra do Tio Sam também.

Primeiro tirei o visto para o Canadá, e mais algumas outras taxas tive que pagar. Na época foram duas taxas: a do VAC (R$ 70,00) e a Taxa de Processamento do Visto (R$ 145,00). Não sei se os valores são os mesmos hoje em dia. Tirei o Visto de Turista, que é o suficiente para quem for estudar por menos de seis meses. Como no Rio não possui um consulado do Canadá tive que pagar uma empresa especializada que levou todos os meus documentos (cópias e originais) para São Paulo para requerer o visto. Algumas semanas depois meu passaporte voltou junto com o visto aprovado. Novamente: planeje tudo com muita antecedência!

Enquanto isso, eu já havia agendado uma data para a cansativa entrevista de requerimento do Visto Americano. Preferi tirar o Visto de Turista ao invés do Visto de Trânsito, pois a burocracia era a mesma. Preenchi longos e intermináveis formulários e paguei a Taxa de Solicitação de Visto (MRV) que custou US$ 160,00 dólares americanos. Cheguei uma hora antes do horário marcado, enfrentei uma pequena fila até entrar no consulado americano. Lá foram outras quatro longas filas, algumas você pode ficar sentando e outras tive que esperar em pé. Fui munido de todos os documentos pedidos e mais outros que levei apenas por precaução.

A entrevista foi tranquila, com algumas perguntas óbvias: Qual o motivo da viagem; se eu tinha algum conhecido morando nos EUA; se eu tinha dinheiro para voltar, entre outras... Depois  de todas as filas e perguntas, deixei meu passaporte com eles. Depois de algumas semanas o recebi com o visto aprovado pelos correios. Ah! Tive que pagar outra taxa para eles me enviarem de volta.

No meu caso, como estava perdido no meio de tanta burocracia e pilhas de documentos, preferi contratar duas empresas para fazer este trabalho. Não queria, e não podia, atrasar muito cometendo erros. Foi um custo a mais, porém o processo foi bem menos tenso.

Durante todas essas burocracias fiz o pagamento da viagem. Além de ser um pouco mais barato, comprar com alguns meses de antecedência ajuda na hora das embaixadas aprovarem o visto. Na época paguei algo em torno de R$ 3.000,00. Ida e volta, com duas escalas para ir e duas para voltar. Rio - Miami - Las Vegas - Vancouver / Vancouver - Montreal - Nova York - Rio.

Na época eu não conhecia, mas recomendo muito usar o Kayak para pesquisar voos baratos. E fujam das agências de viagens! Eles estão preparados apenas para pessoas que viajam como turista. Sempre ficam perdidos e acabam cobrando muito mais caro.

Curso pago, passaporte e vistos na mão! Passagens Compradas! Próximo passo? Achar um lugar para ficar.

Todas as pessoas que conheço que foram estudar fora sempre me recomendaram ficar em "casa de família". Esta com certeza é a melhor opção! Hotéis são muito caros e chatos e você acaba perdendo toda a interação com a cultura dos nativos. Recomendo muito utilizarem o site Airbnb, site muito bom para achar um lugar perfeito para ficar. Na época paguei cerca de CAD$ 800,00 para ficar um mês em um quarto de "casa de família".

Outro site que recomendo muito é o Quanto Custa Viajar. Ele mostra o quanto você irá gastar com passagem, transporte e alimentação durante sua viajem. Super Útil!

Com toda a pré-produção finalizada, esperei mais algumas semanas para a tão aguardada viajem! Para me esquivar da ansiedade fiquei horas no Google Street View conhecendo a cidade. O caminho que iria fazer de casa até a escola. Lugares para comer, comprar quadrinhos e artbooks! Recomendo á todos usar esta ferramenta para conhecer a cidade! Pessoalmente ajudou muito e não me perdi nenhuma vez.

Bem, por agora é só! Quarta-feira aqui no Animação S.A. postarei a segunda parte do artigo contando como foi a chegada no Canadá, os passeios e é claro as primeiras aulas do curso.

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