3 de maio de 2015

História do Cinema de Animação – As inovações artísticas de Winsor McCay (8ª Parte)

Como singelos desenhos feitos em papel podiam resultar em algo tão fascinante? Essa era a pergunta que o público fazia ao admirarem as obras animadas de Zenas Winsor McCay (1869- 1934). No artigo de hoje vamos conhecer sua contribuição imprescindível para a história do cinema de animação, sendo ele responsável tanto pela evolução técnica quanto à narrativa da arte animada, garantindo o prosseguimento de todo o processo de desenvolvimento da animação iniciado com Emile Cohl (artista que conhecemos napostagem anterior).

Página da HQ de Little Nemo in Slumberland

Ao começar na produção de filmes animados, McCay já gozava de certa notoriedade e popularidade artística devido aos seus trabalhos com quadrinhos. A série de quadrinhos “Litlle Nemo” era um sucesso e servia de referência para outros artistas, graças a sua forma artística diferenciada, o designer e toda criatividade inovadora de McCay. E foi exatamente na arte sequencial que o artista buscou inspiração para transpor seu mundo de sonho e fantasia para os filmes animados.  Seu primeiro filme animado “Little Nemo in Slumberland” (1911) mostrava nas telas de cinema a sofisticação do estilo gráfico que o artista havia estabelecido nos quadrinhos.

Little Nemo in Slumberland (1911)

 O próprio Winsor McCay não escondia dos espectadores todo o processo trabalhoso da produção de filmes animados. Para a concretização do seu primeiro curta animado, foram necessários mais ou menos quatro mil desenhos feitos durante quatro anos. O resultado de todo esse trabalho foi uma animação que apresentava o uso das noções de peso, perspectiva e metamorfose, mesmo utilizando recursos simples (tinta nanquim, papel de arroz e o flipbook) para a criação dos frames que iriam compor sua animação. A precisão da ilusão do movimento em seus desenhos era o resultado da utilização da flipagem confinante a um cronômetro, o que atingiu o perfeccionismo característico de suas animações.

The Story of a Mosquito (1912)

Em seu segundo filme animado, o artista consegue desenvolver a personalidade dos personagens e por isso é reconhecido como o primeiro cineasta de animação a utilizar desse artificio.  O filme “How a Mosquito operates” (1912), (também conhecido como “The Story of a mosquito”), retrata a personalidade do personagem “Steve” com a animação. O curta animado se destaca pela performance da sua personagem principal, um simpático mosquito que se alimentava de sangue humano e era capaz de cativar o público utilizando de características próprias do ser humano, o antropomorfismo, fator essencial que contribuiu para o desenvolvimento da indústria de filmes animados. O artista utiliza meios que fazem com que o personagem se identifique com o público: a técnica do close (já utilizada por Emile Cohl) e a sensação que o personagem está olhando diretamente para os olhos do público, além de uma personalidade rica de emoções e sensações, com suas caras e bocas.

Gertie the Dinosaur (1914)

Em 1914, lança o filme animado considerado o primeiro grande marco da história da animação, “Gertie the Dinosaur”. Para sua produção, foram desenhados em papel de arroz mais de cinco mil desenhos, com a ajuda de um assistente, que davam a fluidez na animação e a individualização da personagem perante o público. O filme apresentava um personagem dotado de uma personalidade afetuosa, que se comunicava através dos seus gestos. A narrativa de “Gertie the Dinosaur” além da própria “dinossaura” carismática tinha o próprio artista como personagem. O filme fez bastante sucesso, gerou outros filmes, plágios e também inspirou vários outros artistas que também ficaram famosos pela criação de personagens carismáticas e envolventes.

Poster da animação "Gertie the Dinosaur"

Zenas Winsor McCay foi além da experimentação, estabeleceu alguns dos conceitos fundamentais à animação que mais tarde daria origem aos doze princípios da animação consolidados pelo estúdio de Walt Disney. Os conceitos formulados por McCay tinham o objetivo de instituir personagens e ação numa visão o mais realista possível.


Winsor McCay
Agora sabemos o quanto os artistas, Emile Cohl e Winsor McCay, foram importantes para a história da animação. Além do pioneirismo técnico e artístico empregados por eles, ambos buscaram dar vida a seus personagens, inspiraram uma geração de artistas posteriores e, principalmente, deram engrenagens fortes e sucintas para a industrialização da arte da animação.