17 de maio de 2015

História do Cinema de Animação – O Processo da Industrialização (9ª Parte)

Enquanto o cinema de ação ao vivo, devido à sua maior viabilidade técnica de produção, estabelecia-se de vez como uma indústria do entretenimento. A animação precisava criar meios que acelerassem o processo de criação e que, além disso, atraíssem o público com estrutura narrativa digna de uma boa história junto ao visual artístico da obra. Nas últimas semanas conhecemos os artistas Emile Cohl e Winsor McCay que colaboraram significativamente para que a animação pudesse ser vista como arte. Mas, mais que uma visão artística, esses dois grandes nomes da história do cinema de animação foram peças fundamentais para o processo de industrialização da arte da animação.
Jonh Randoph Bray (1879 - 1978)
Os filmes animados, desde quando surgiram e começaram a se desenvolver, não eram vistos como produtos de consumo de massa. Uma grande dificuldade do cinema de animação era como os artistas tardavam em terminar suas obras devido ao longo e árduo processo técnico que era demandado. Isso resultava nos longos intervalos de tempo (alguns com mais de quatro anos) entre o lançamento das produções animadas dos artistas. Os filmes animados precisavam ter início, meio e fim, preocupando-se ainda com o estilo gráfico e o movimento convincente das obras.
"The Dachshund and the Sausage" (1913), animação do estúdio de Bray
E foi assim, com uma expectativa de mercado de entretenimento para as obras de animação, que surgem os primeiros estúdios do gênero. O intuito desses estúdios era produzir animações de modo mais rápido e barato, semelhante ao cinema de ação ao vivo. Jonh Randoph Bray foi um homem inovador e eficiente para a animação, graças às suas ideias de estrutura organizacional de produção. A estratégia de Bray viabilizava uma competição direta com os filmes de ação ao vivo, com a produção coletiva por meio da divisão e hierarquia do trabalho, com os patenteamentos da criação dos meios técnicos que facilitassem o processo e, principalmente, com o afinar da distribuição e do marketing dos filmes animados. Dessa forma, as obras animadas passaram a ser vistas com devida importância pela impressa da época.
Animação de 1917 do estúdio de Jonh Bray
Nesse período, várias técnicas foram criadas pelos estúdios para minimizar o trabalho árduo e repetitivo para a criação das paisagens que compunham as animações. A técnica criada por Jonh Randoph Bray consistia na impressão dos cenários em largas folhas onde seriam sobrepostos os personagens desenhados. Já o estúdio de Raoul Barré, implantou o sistema de corte do cenário ou do personagem facilitando o processo de redesenhar os cenários. Bill Nolan criou a ilusão do movimento horizontal do personagem, movimentando o cenário por trás da personagem. Sua técnica ficou conhecida como cenário desenhado em compridas folhas de papel.
Animação de 1915 do estúdio de Raoul Barré 
Com os meios que facilitavam a produção dos desenhos animados, surgiram às primeiras séries animadas ou séries de personagens. Daniel Pinna (2006) afirma que essas produções se caracterizavam com repetições de poses, de expressões, movimentos, cenas e cenários que eram reaproveitados em diversos episódios. E nesse momento, surge o termo “desenho animado” amplamente conhecido até hoje. Durante esse período, a animação, mesmo com todas as críticas, finalmente começa a ganhar um espaço na indústria do entretenimento.