28 de fevereiro de 2016

História do Cinema de Animação – O Stop-motion e os efeitos especiais (22ª Parte)



No último artigo da História doCinema de Animação conhecemos mais sobre o surgimento e utilização dafascinante técnica – o stop-motion. Vimos também que ela ainda é amplamente utilizada em filmes animados. Inclusive durante muito tempo o stop-motion foi utilizado para a construção de efeitos especiais nos cinemas. No artigo de hoje vamos conhecer mais sobre a diferença entre efeito especial e efeito visual, o uso do stop-motion como efeito especial e um pouco mais sobre Ray Harryhausen, o mestre dessa encantadora técnica.
A evolução dos efeitos especiais e visuais
O cinema tem a capacidade de demonstrar na grande tela: amplas explosões, monstros místicos, batalhas colossais e diversos outros elementos de fantasia e ação que encantam e satisfazem seu público dando ainda mais realismo a narrativa ficcional. Todos esses efeitos excêntricos utilizados desde os primórdios do cinema são chamados de efeitos especiais e efeitos visuais. E antes de apresentarmos sobre o tópico principal deste artigo – uso do stop-motion como efeito especial – é necessário descrever a principal diferença entre os efeitos especiais e os efeitos visuais.
A captura de movimentos do personagem Hulk em Os Vingadores (2012)
Os efeitos visuais também chamados de efeitos digitais são aqueles construídos na pós-produção fílmica utilizando de um computador com algum software específico para isso. Os efeitos visuais são amplamente utilizados atualmente, podemos citar como exemplos: composição digital, correção de cor, personagens e/ou cenários virtuais e a captura de movimento. Enquanto os efeitos especiais são realizados ao vivo durante as filmagens do próprio filme, estes são os elementos vivos e reais para o ator ou a produção do filme trabalhar em cena como: explosões reais, efeitos atmosféricos, pirotecnia e vários outros. Os efeitos especiais ainda são utilizados em alguns filmes conforme a escolha e preferência do diretor.
Willis O’Brien e sua criação
E inclusive, durante muitos anos o stop-motion foi utilizado como efeito especial em muitos filmes conhecidos. Um dos primeiros filmes que se destaca na utilização do stop-motion e acabou sendo uma solução prática para dar vida a uma das mais famosas criaturas do cinema: King Kong (1933). A criação do animador Willis O’Brien tinha apenas 45cm de altura mas repassava a ilusão de uma criatura enorme e atuou lado a lado com os atores humanos do filme. Antes da ideia de utilizar o boneco e o stop-motion foi cogitado várias ideias para dar vida ao primata desde um gorila treinado para atuar a um próprio homem fantasiado do animal. O filme se destacou, pois, o boneco de King Kong conseguiu cativar o público mostrando uma verdadeira representação artística.
Willis O’Brien animando sua criação
O stop-motion inclusive era frequentemente combinado com as filmagens reais, pois era a saída ideal para problemas relacionados a orçamento, tamanho dos cenários ou até mesmo pela dificuldade da elaboração de algum outro tipo de efeito especial. No próprio King Kong foram usadas bonecas da atriz Fay Wray para simular a atuação com o gorila. Em outros filmes utilizava-se o stop-motion para representar grandes colisões de veículos e aviões na tentativa de dar realidade para a narrativa. No filme O Império Contra-Ataca (1980) as enormes máquinas AT-AT walkers eram na verdade pequenos modelos que ganharam vida e o aspecto abissal graças ao stop-motion.
Making of  das AT-AT 
Mas foi exatamente na tentativa de oferecer vida à fantasia que o stop-motion marcou a história do cinema. Foram vários monstros, dinossauros e diversas outras criaturas maravilhosas criadas por exímios animadores que deram a devida realidade a diversos filmes de fantasia. E nesse quesito o nome de Ray Harryhausen (1920-2013) é que mais se destaca devido a sua imaginação audaciosa.
Ray Harryhausen  e algumas de suas criações
Aos 13 anos de idade Ray Harryhausen teve a oportunidade de assistir King Kong e sentiu intrigado com as imagens do gorila no topo do Empire States. A partir desse evento, a animação mudaria a vida de Harryhausen. Ele teve a chance de iniciar sua carreira trabalhando com O’Brien, diretor de King Kong, e acabou tornando-se referência em efeitos especiais. Para o mestre, o stop-motion era a possibilidade de construir um mundo de sonhos e fantasia, transformando a realidade em imaginação.
As criações do Mestre Ray Harryhausen
Ray Harryhausen foi o artista que fascinou crianças e adultos durante meio século, influenciou a atual geração de artista de efeitos visuais e é reverenciado por grandes diretores do cinema, entre eles Steven Spielberg e Tim Burton. Harryhausen foi um dos principais responsável em dar vida a distintos personagens lendários (polvo gigante, dragão, ciclope, hidra, harpia, centauro, medusa) de diversos filmes: O Monstro do Mar Revolto (1955), A 20 Milhões de Milhas da Terra (1957), Simbad e a Princesa (1958), Jasão e os Argonautas (1963) e o clássico Fúria de Titãs (1981).
 Efeitos visuais e o stop-motion de Frankenweenie (2012)
Com o desenvolvimento da computação gráfica, a grande maioria dos efeitos deixaram de ser especiais e tornaram-se visuais. Os computadores e softwares de efeitos visuais trouxeram ao público do cinema uma verossimilhança atrativa e convincente. O stop-motion realmente deixou de ser utilizado como efeito especial, mas o seu poder de fascinação e tamanha beleza ainda reside nas animações que agora podem utilizar da delicadeza dessa técnica juntamente com elementos dos efeitos visuais. Deixando claro que o aparecimento e desenvolvimento de novas tecnologias não acarreta na substituição de um meio pelo outro, mas principalmente na possibilidade de ambos os meios serem utilizados como forma de expressão de humana.