11 de setembro de 2016

História do Cinema de Animação – A Década de 1990, o Desenvolvimento e Amadurecimento da Computação Gráfica (26ª Parte)

Na última postagem falamos sobre a integração da linguagem computacional à animação; inovando e trazendo novas aplicações da computação gráfica para o cinema. Citamos como exemplo o animador John Lasseter, que soube trazer para a animação computacional as técnicas que se destacavam na animação tradicional, possibilitando inclusive que a Pixar reformasse a linguagem do cinema de animação com suas primeiras animações computadorizadas.

No artigo desta semana vamos conhecer o desenvolvimento e amadurecimento da computação gráfica na década de 1990 e como esta tecnologia invadiu os cinemas, a TV e os lares mundo afora. Além disso, vamos abordar brevemente "Toy Story" (1995), o primeiro longa-metragem animado digital.

Jar Jar Binks em "Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma" (1999)

A década de 1990 foi o período que as tecnologias fundamentais para a produção da animação digital se consolidaram. Além do próprio cinema, a TV também estava devidamente equipada e preparada para a era digital. O cinema vivenciava uma grande mudança, se a animação digital já era aceita pelos produtores e espectadores como uma ferramenta fundamental para elaboração dos efeitos visuais, aquele era o momento de deixar as fitas analógicas no passado e adentrar na era digital de vez, inclusive no próprio processo de gravação fílmica.

Cada vez mais era exigido o uso da tecnologia digital, o que impulsionou ainda mais o desenvolvimento de imagens digitais e de tecnologias da animação. Hollywood via no CGI a principal saída para os desafios que os cineastas imaginavam em seus filmes.  Assim que o computador e as tecnologias digitais ganharam seu espaço, uma nova cultura de produção de filmes se instaurou no cinema.

"O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final"(1991)

O CGI se tornou material essencial para as narrativas fílmicas. Os estúdios investiram pesado na tecnologia de criação de imagens, em 1992 o filme “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final” (1991) ganhou a estatueta do Oscar de Melhores Efeitos Visuais. A premiação do filme, além de mostrar que o CGI estava reafirmando seu lugar na indústria cinematográfica, demonstrava, também, que os produtores deveriam separar boa parte do orçamento para os efeitos visuais. No caso do filme de James Cameron, para as cenas de CGI foram investidos mais de US$ 35 milhões.

"A Bela e a Fera" (1991)

O uso da tecnologia digital também estava sendo utilizada em animações 2D. No filme da Disney “A Bela e a Fera” (1991) a tecnologia foi aplicada para criar o movimento de câmera que percorre o cenário durante a sequência de dança de Bela com a Fera no grande salão do castelo. Para este momento pioneiro foi utilizado a composição dos elementos desenhados de forma tradicional, neste caso os personagens dançando, com o cenário animado digitalmente.

"Matrix" (1999)

Também foi a década em que a animação digital alcança sua maturidade com um filme que acabou sendo um divisor de águas no quesito efeitos visuais – "Matrix" (1999). O filme das irmãs Wachowski demonstrou perfeitamente como as imagens construídas pela computação gráfica poderia ser devidamente integrada aos filmes, recriando distintos ambientes e cenas de ação impressionantes. Outro filme que se destaca neste momento foi "Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma" (1999), George Lucas, ao retornar para sua franquia de sucesso, consegue dar vida a diversos atores virtuais que apresentam uma performance tão convincente quanto o elenco humano.

"Making off de Babylon 5" (1994)

A tecnologia digital tornou-se tão comum nesta década que alcançou a televisão. Na mídia televisiva, a série "Babylon 5" (1994) foi pioneira na utilização dos efeitos visuais ao utilizar na narrativa modelos e ambientes digitais. Outro destaque, foi a primeira série animada por computador – "t" (1994), que mesmo com certas limitações tecnológica utilizou dos próprios elementos computacionais para a construção de um cenário e ambiente futurístico que contribuíram para a eficiência e destaque da série.

"Reboot" (1994)

A tecnologia digital não trouxe mudança apenas para o cinema ou a TV, as belas-artes também descobriram as funcionalidades do computador e como este aparato era adaptável a diversos outros materiais, possibilitando sua inclusão na construção artística. Soma-se a isso o barateamento dos equipamentos digitais, que possibilitaram o desenvolvimento de diversos cursos de mídia em instituições acadêmicas, facilitando o acesso até mesmo em sua própria residência.

Navegando na Internet

Nesse momento, as pessoas já tinham uma outra relação com os computadores, que mudou ainda mais com a chegada da internet, permitindo a comunicação global e deu asas a criatividade. A popularização da internet permitiu que os animadores fizessem a exposição de seus produtos. O público, além do cinema e da TV, agora também era apresentado a outras diversas animações de distintos animadores através da internet. O surgimento de festivais de animação possibilitou ainda mais a exibição de trabalho de animadores e produtores independentes.

"Toy Story" (1995)

Um dos maiores destaques para o cinema de animação na década de 1990 foi o primeiro longa-metragem totalmente animado de forma digital, lançado devido ao acordo de colaboração entre a Disney e a Pixar: "Toy Story" (1995).  Com a premissa “Se os seus brinquedos tivessem vida o que eles fariam?”, Toy Story apresentou uma narrativa interessante aplicada na animação computacional que soube aproveitar plenamente dos princípios da animação tradicional. A temática sobre os brinquedos favoreceu bastante a construção da animação computacional, mas por outro lado limitou o realismo das personagens humanas.

Ao Infinito e Além!

Um dos principais fatores que fizeram "Toy Story" se destacar foi o fato de que soube aproveitar da união da experiência renomada da Disney com animação tradicional associada aos conhecimentos únicos de John Lasseter, que soube acima de tudo explorar os elementos da computação gráfica. Por isso, "Toy Story" tornou-se tão importante quanto o primeiro longa-metragem animado da Disney - "Branca de Neve e os Sete Anões" (1937).

          Devido a esta importância histórica e admirável de "Toy Story", este merece um artigo à parte que iremos desenvolver. Além disso, "Toy Story" trouxe mudanças significativas que contribuíram na aceitação e admiração da computação gráfica, tanto que no final da década de 1990, a animação digital fazia parte dos principais estúdios de animação e de efeitos visuais, como um elemento essencial para a construção fílmica. Buzz e Woody, os personagens principais de "Toy Story", não apenas ganharam vida no écran do cinema, como se tornaram ícones da nossa cultura. Ao infinito e além!