8 de novembro de 2015

História do Cinema de Animação – A Televisão e o Desenho Animado (19ª Parte)

Nas últimas semanas conhecemos um pouco de alguns dos principais estúdios que contribuíram e se destacaram na história do cinema de animação. Na postagem de hoje vamos conhecer sobre o invento que trouxe grandes alterações para o cinema de animação – a televisão. Graças a invenção desse transformador aparato tecnológico, tivemos excelentes produções de grandes estúdios, os quais ficaram responsáveis pela produção das chamadas séries animadas para televisão, popularmente conhecidas como desenhos animados.

O teste de transmissão com o boneco do Gato Felix 
Sabemos que o homem sempre desejou dar movimento a suas obras estáticas, com o surgimento do cinema esse anseio foi suprido. Contudo, ainda existia o desejo de transmissão de imagens em movimento a grandes distâncias. No decorrer da década de 1920 temos os primeiros modelos de aparelho de televisão. Inclusive, o incrível personagem gato Felix foi a primeira imagem a ser transmitida em um receptor de TV, ao utilizarem, em 1928, o personagem como teste de transmissão de TV.

Ruffy e Reddy (1957)

         Depois disso, a televisão passou por um processo de lapidação que permitiu o desenvolvimento dos aparelhos e das tecnologias responsáveis pela transmissão da imagem. E na década de 1950 temos o boom da televisão, deixando de ser um artigo de luxo, para se tornar um importante meio de comunicação e principal responsável pela transmissão e popularização dos desenhos animados.

Tom e Jerry (1943)

            Os curtas animados com duração média de cinco minutos que mostravam personagens em situações cômicas e algumas delas de extrema maluquice eram exibidos no cinema, antecedendo o cinejornal, o documentário, os trailers e o próprio filme de ação ao vivo, que compunham a sessão de cinema. Essas sessões de cinema eram assistidas principalmente por adultos. Com o surgimento da TV, esses curtas animados passaram a serem exibidos como forma de preenchimento da grade de programação das emissoras que carecia de programas, reprisando o sucesso de grandes personagens animados do cinema: Pica-Pau, Tom e Jerry, os Looney Tunes e até mesmo Mickey Mouse. Nesse momento, os curtas-metragens animados eram apresentados como uma série (vários filmes animados seguidos) em um programa da emissora de TV, conduzido por um apresentador.

O sábado de manhã

            Além disso, sucedeu-se a criação de um horário exclusivo na programação das redes televisas para as crianças. O sábado de manhã era um horário inexpressivo comercialmente, de acordo com os anunciantes, e por isso foi destinado ao público infantil. A partir desse momento, temos uma grande mudança de foco nas produções animadas – as séries televisas, popularmente conhecido como os desenhos animados. Esse tipo de produção de baixo orçamento, que se caracteriza principalmente pela utilização de poucos personagens e a repetição de cenários, não se traz o mesmo cuidado artístico e técnico que se tinha nos filmes animados de curtas e longas-metragens exibidos nos cinemas.

Crusader Rabbit (1949)

O desenho animado na verdade é encarado apenas como uma pura distração para o público infantil, apresentando uma animação limitada de qualidade satisfatória a baixo custo. Em 1949, foi transmitida a primeira série de desenho animado por meio da animação limitada feita para a TV – Crusader Rabbit. Ao longo dos anos o que se percebe referente a grande maioria desses desenhos animados é uma gradual decadência técnica e estética, sendo mais importante o lucro referente aos brinquedos e produtos licenciados dos personagens animados.

Scooby-Doo (1969)

 Por outro lado, não podemos deixar de evidenciar que por mais que tenha havido essa queda de qualidade, alguns estúdios, mesmo com a produção de movimentos simplificados para seus personagens, criaram desenhos animados memoráveis: Os Flintstones (1960) e Scooby-Doo (1969) produzidos pelo importante estúdio Hanna-Barbera, A Pantera Cor de Rosa (1964) de Friz Freleng Peanuts (1965) de Charles M. Schulz. Contudo, não podemos deixar de evidenciar que os desenhos animados foram os principais responsáveis pela classificação errônea e preconceituosa do cinema de animação, vinculando toda a técnica à infância, por muitas vezes sendo taxada como gênero, exclusivamente voltado para o público infantil.